Projecto Aparelho Digestivo

Cirrose

20/04/2008 13:30

            A maior parte das doenças crónicas do fígado provocam lesões nas células do fígado que levam à cirrose, um processo caracterizado por fibrose e formação de nódulos que  altera a arquitectura do órgão. Esta alteração da morfologia do fígado bloqueia o fluxo do sangue que vem do intestino impedindo-o de atravessar o fígado e através das veias hepáticas atingir a veia cava superior e o coração. Esse bloqueio dá origem à formação de varizes no esófago e por vezes no estômago e, impede o fígado de fazer o seu trabalho normal tal como a síntese das proteínas, entre outros.  A Cirrose do Fígado é uma causa frequente para Transplante do Fígado.

            Em Portugal as duas principais causas de cirrose do fígado, responsáveis por mais de noventa por cento dos casos, são o álcool e o vírus da hepatite C. Para além destas a cirrose também pode ser causada pelo vírus da hepatite B, pelo vírus da hepatite auto-imune, inflamação de causa desconhecida em que os anticorpos atacam as células do fígado como se fossem proteínas estranhas ou bactérias, por obstrução biliar, quer relacionada com situações congénitas (atrésia biliar), hereditárias (doença de Alagile), imunológicas (cirrose biliar primaria) ou de causa desconhecida (colangite esclerosante primária), pela doença de Wilson, acumulação anormal de cobre no fígado, por causas vasculares, síndrome de Budd-Chiari (trombose das veias hepáticas e supra-hepaticas), quer também por fármacos e tóxicos e em cerca de dez por cento dos casos por mais exaustiva que seja a investigação não é possível encontrar uma causa para a cirrose.

            A cirrose pode demorar anos a manifestar-se e, durante anos, os sintomas podem não ir além de fadiga, falta de força e perda de apetite. Com frequência a cirrose é uma descoberta feita, por acaso, num exame médico ou análises de rotina. Quando a cirrose está plenamente desenvolvida pode apresentar vários sinais sendo eles respectivamente, a hepatomegália (significa aumento do tamanho do fígado), a icterícia, torna a pele e parte branca do olho amarelas e a urina escura, a retenção de água nas pernas e abdómen (ascite), pois o fígado com cirrose é incapaz de produzir albumina, proteína que retém agua nos vasos sanguíneos, esta ao diminuir no sangue permite que a água dos vasos sanguíneos escape e infiltre-se nos tecidos das pernas causando edema e acumule-se na cavidade abdominal causando ascite (barriga de água), as varizes esofágicas e ainda encefalopatia, que manifesta-se por alterações neurológicas que, podem ir de pequenas alterações do comportamento até à confusão mental e coma.

            Para diagnosticar a cirrose recorre-se aos testes da função hepática que permitem determinar a actividade das enzimas do fígado, que em casos de cirrose estão geralmente alteradas. A biopsia do fígado, consiste na colheita duma pequena porção do fígado para posterior análise microscópica, e serve para confirmar o diagnóstico.

            É importante travar o processo evolutivo da cirrose. A abstenção de álcool é muito importante mesmo nas cirroses que não foram causadas pelo álcool. O tratamento das complicações (ascite, hemorragia, encefalopatia) é muito importante, e geralmente exige internamento hospitalar. Em alguns casos recorre-se a um transplante hepático.

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