Projecto Aparelho Digestivo

Colite Ulcerosa

20/04/2008 13:27

 

O que é: A colite ulcerosa é uma doença inflamatória crónica do cólon (intestino grosso) que evolui de modo recorrente, com períodos de agravamento. A localização mais frequente da colite ulcerosa é o recto, apesar de poder cursar com manifestações noutros órgãos, como as articulações, pele, fígado, olhos, e outros.

Quais as causas: Não se conhece a causa desta doença, mas podem contribuir factores como a hereditariedade e resposta imune intestinal. Alguns autores aceitam a hipótese infecciosa.

 

Quais os sintomas: Os sintomas dependem da localização anatómica e da gravidade da inflamação. Na colite ulcerosa predomina o envolvimento rectal, pelo que a perda de sangue pelo recto, geralmente acompanhado de um aumento do número de dejecções, é o sintoma mais frequente. Pode coexistir dor abdominal, que melhora com a defecação, pelo menos inicialmente, febre e perda de peso, cujo relevo depende da gravidade, duração e localização do episódio de agudização. As fezes podem ser líquidas e conter sangue, muco ou pus.

Na fase de reactivação, para além dos sintomas intestinais, o doente pode apresentar queixas articulares (artrite), inflamação dos olhos (episclerite), nódulos inflamados na pele (eritema nodoso), e feridas na pele com pus (pioderma gangrenosa).
Pode também ocorrer espondilite anquilosante, sacroileíte, uveíte e hepatite crónica/cirrose.

 

Como se diagnostica: O diagnóstico da doença baseia-se na suspeita clínica e achados radiológicos, endoscópicos e histológicos (biopsia) compatíveis. As análises alteram-se na fase aguda da doença, com aumento da velocidade de sedimentação (VS), do número de glóbulos brancos e plaquetas. Pode também existir anemia (por carência de ferro) e diminuição das proteínas no sangue.

A radiografia do abdómen pode indicar a gravidade e extensão da doença.

A endoscopia mostra alterações contínuas da mucosa (superfície) do recto e restante intestino grosso, com aspecto granular, alteração vascular e úlceras superficiais.

Como se desenvolve: A colite ulcerosa cursa com episódios de exacerbação alternando com períodos de remissão.

O grau de actividade da doença baseia-se em critérios clínicos - número de dejecções, existência de febre, taquicardia, anemia e aumento da VS.

Dado não se dispor de nenhum fármaco que evite as recidivas (exacerbações) de forma eficiente, o prognóstico (evolução futura) é incerto e deve ser considerado individualmente.

Em geral, entre os episódios agudos, o doente pode realizar uma vida normal.
O prognóstico relaciona-se com o tempo de evolução da doença desde o diagnóstico, a extensão da doença, a gravidade dos episódios e a existência de complicações (hemorragia, megacólon tóxico, cancro).

O risco de tumor do cólon é maior nestes doentes, sobretudo se a doença tem mais de 10 anos de evolução, o que condiciona a realização de endoscopia anual com biopsia de áreas suspeitas.

Formas de tratamento: Os objectivos do tratamento são controlar a actividade dos episódios agudos e evitar as recidivas da doença. Depende também da gravidade e localização da doença.

Nos episódios agudos podem ser usados corticóides (oral, endovenoso ou rectal), 5-ASA (sulfasalazina, olsalazina, mesalazina) (oral, supositórios ou clister), antibióticos, imunossupressores (azatioprina, 6-mercaptopurina, ciclosporina, metotrexato...).

Na fase de remissão, deve tentar retirar-se a toma de corticóides, deixando apenas o 5-ASA para manutenção.

A par da terapêutica farmacológica, não pode ser esquecida a correcta nutrição e hidratação do doente.

Podem ser necessários suplementos de ferro, mas devem ser evitadas frutas frescas e vegetais e os produtos lácteos que podem agravar os sintomas.

A cirurgia pode ter lugar nas complicações da doença (megacólon tóxico, cancro). Nos casos mais graves, a colite ulcerosa pode ser curada com a extirpação cirúrgica total do cólon e recto, o que implica uma ileostomia permanente ou uma anastomose ileoanal.

Formas de prevenção: A dieta adequada e a toma dos fármacos indicados, conforme referido, pode diminuir o número de recidivas.

Doenças comuns - como diferenciar: A doença de Crohn é também uma doença inflamatória do intestino, mas afecta predominantemente o intestino delgado (íleon terminal), de forma descontínua, e afecta toda a espessura da parede intestinal.

A colite ulcerosa deve ser diferenciada de outras entidades que cursam com episódios de diarreia com sangue, dor abdominal e/ou febre: colite de origem infecciosa, secundária à toma de antibióticos, tuberculose intestinal, apendicite aguda, colite secundária a radioterapia ou de origem vascular.

Outras designações: Doença inflamatória do intestino.

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